Existe hoje muita dificuldade para que as pessoas descartem corretamente os medicamentos restantes de tratamentos ou que estejam com a data de validade vencida. Há poucos estabelecimentos especializados em seu recolhimento e destinação, e também pouco se sabe sobre a melhor forma de eliminá-los.
Normalmente os resíduos são jogados no lixo comum ou na rede de esgotos e, dependendo das características físico-químicas dos medicamentos descartados, a população pode sofrer as consequências indiretas da agressão ao meio ambiente, como contaminação de produtos alimentícios, do ar, da água, do solo e de animais.
De acordo com Pedro Ivo Ramalho, chefe da assessoria técnica e parlamentar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), este problema ocorre, em primeiro lugar, pelo fato de os laboratórios farmacêuticos não produzirem medicamentos de forma fracionada, o que evitaria que os pacientes comprassem uma quantidade superior à necessária.
Em segundo lugar, não há critérios definidos nem serviços estruturados para a devolução ou a coleta de medicamentos, embora a Anvisa tenha uma norma (Resolução RDC nº 306/05) que regulamenta o descarte de resíduos dos serviços de saúde. "Em alguns casos, as vigilâncias sanitárias de municípios e Estados recebem medicamentos para descarte, embora nem sempre haja um tratamento adequado para essas sobras", explica Ramalho.
Segundo ele, há muita preocupação com esse assunto. A Anvisa está em fase final de elaboração de uma proposta sobre o tema. Ela será divulgada para toda a sociedade por meio de uma consulta pública. "Pretende-se que a população tenha acesso a locais próprios para o descarte de medicamentos, porque atualmente a população descarta esses produtos no lixo comum ou na rede de esgotos, através dos vasos sanitários", complementa.
Esta prática não é somente domiciliar, empresas também fazem isso como se estivessem agindo corretamente. Somente aterros sanitários podem conter a contaminação gerada pelos medicamentos descartados.
Ramalho diz ainda que o papel do farmacêutico é de extrema importância nesse processo. Ele deve oferecer à população todas as informações sobre o assunto. "O farmacêutico deve lembrar a população de que os medicamentos podem ser muito úteis para a recuperação da saúde, mas sempre trazem risco de efeitos indesejados, sobretudo se usados e descartados incorretamente."
Para Lorena Baía, farmacêutica e chefe da divisão de insumos e medicamentos da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, a destinação correta dos medicamentos vencidos ou não utilizados é a incineração, que deve ficar a cargo de uma empresa com licença ambiental para esse fim, por estar em jogo produtos que contêm em sua formulação substâncias químicas. Prestar atenção aos prazos de validade é importante. "Entende-se por prazo de validade a data limite para a utilização de um medicamento com a garantia das especificações estabelecidas na sua estabilidade", explica Lorena, que diz ainda que todos os medicamentos submetidos à avaliação da Anvisa que tiveram o registro concedido são seguros e eficazes até a data fixada na embalagem. "Deve-se fazer uma revisão periódica da validade dos medicamentos armazenados. Por conta da exposição constante ao calor, ao frio e à umidade, a cozinha e o banheiro são os locais que mais estragam medicamentos, sendo, portanto, contraindicados para um bom armazenamento."
A melhor forma de solucionar o problema está na iniciativa de farmácias e estabelecimentos de saúde. Eles devem circular informações sobre o uso correto dos medicamentos e a maneira adequada de abrigá-los em casa e descartá-los. Para o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Jaldo de Souza Santos, é importante que o farmacêutico responsável pelo estabelecimento crie programas de educação em saúde destinados à população que utiliza seus serviços. "Todo programa educativo em saúde desenvolvido por um farmacêutico e veiculado por qualquer meio, inclusive os de comunicação de massa, gera impacto positivo sobre a população", diz Santos, que sugere ainda que os farmacêuticos busquem parcerias com organizações comunitárias, escolares, etc., e com rádios, TVs e jornais, a fim de veicular informações de utilidade pública, para educar a população sobre como guardar e descartar medicamentos.
Exemplo a ser seguido
Conforme o artigo 225 da Constituição Federal (que trata do direito ambiental), cabe a cada indivíduo preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Sendo assim, o canal farma pode produzir, amplificar e fazer circular informações que afetem as decisões das pessoas, despertando na população o sentimento de responsabilidade socioambiental. Divulgação de campanhas criadas por entidades do setor público ou privado surte resultado.
Em Goiás, há o exemplo de uma campanha de conscientização da população para a prática do descarte correto de sobras de medicamentos. A assistência farmacêutica e a vigilância sanitária de Goiânia lançaram a campanha Para o Meio Ambiente, o Melhor Remédio é Preservar, que tem por objetivo orientar o usuário sobre o vencimento de medicamentos. O descarte doméstico é um problema de saúde pública e de difícil controle. Os farmacêuticos, durante a dispensação de medicamentos, instruem os usuários para terem cuidados com o meio ambiente, como não jogar restos de medicamentos na pia de casa, adquirir quantidade suficiente para o tratamento e evitar a automedicação. Foram montados 20 postos de recolhimento de medicamentos nas unidades de saúde. Para estimular os participantes, foi criada uma competição saudável: entre os sete distritos sanitários de Goiânia, aquele que recolhesse a maior quantidade (calculada em kg) de medicamentos vencidos seria premiado com um aparelho de DVD e dez ingressos de cinema.
A campanha tem o apoio do CFF, do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Goiás (Sinfargo), da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) e da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás.
Os profissionais envolvidos no desenvolvimento e na concretização da ação são farmacêuticos da assistência farmacêutica e da vigilância sanitária de Goiânia, agentes comunitários de saúde, auxiliares de farmácia sob supervisão farmacêutica e gestores de distritos sanitários e unidades de saúde.
Na opinião de Lorena, a campanha Para o Meio Ambiente, o Melhor Remédio é Preservar promove o bem-estar e a preservação do meio ambiente. "As instituições e até mesmo as pessoas, como sociedade civil organizada, devem se empenhar para equilibrar o meio em que vivemos", enfatiza Lorena, lembrando que a campanha é inédita. "Não há registros de outras ações parecidas, até mesmo porque a RDC nº 306/04, da Anvisa, que trata do regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos, abrange somente os serviços de saúde (farmácias, drogarias, hospitais, distribuidoras, etc.), não existindo ainda regras que orientem o consumidor final, o usuário de medicamento."
Fonte: www.rcasistemas.com.br
2 comentários:
O site http://www.saisdaterra.com.br esta promovendo a Campanha `` Lugar de Remédio NÃO e no Lixo ´´, promovendo o descarte consciente de Resíduo Químico.
Evitando a contaminação do descarte do solo e água, acompanhe no link http://www.saisdaterra.com.br/infos.asp?lang=pt_BR&codigo_texto=10 , divulgue esta idéia.
Muito Obrigado pela sua participação.
Desculpe a demora de resposta. Projetos como estes são essenciais para orientar e conscientizar a população sobre os riscos do descarte incorreto. Um abraço e até mais.
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